Por André Morelli
Fazendo uma analogia com a história narrada no álbum, Astronauta – Magnetar é literalmente um salto no escuro. Primeiro lançamento da linha Graphic MSP, projeto capitaneado pelo editor Sidney Gusman, o selo tem a proposta de adaptar os clássicos personagens criados por Mauricio de Sousa para uma série de álbuns de luxo, quadrinhos autorais e de temática adulta.
Trabalho parecido já havia sido feito na série MSP 50. Mas é importante lembrar que esses álbuns são coletâneas de diversos artistas, histórias curtas em que o clima de homenagem ao criador da Turma da Mônica é evidente. Já em Graphic MSP, a aposta se tornou mais arriscada: uma história longa, desenvolvida por uma única equipe.
E o que dizer de estrear a linha com um álbum do Astronauta, com roteiros e desenhos do paulista Danilo Beyruth (mais as cores da gaúcha Cris Peter), autor do macabro Necronauta e do violento álbum Bando de Dois?
A resposta é que é difícil imaginar uma estreia tão bem sucedida. Mostrando sua versatilidade como artista, Beyruth cria um grande álbum de ficção científica, explorando um tema comum tanto aos livros e filmes de ficção quanto aos quadrinhos do Astronauta, a solidão.
Na trama, o explorador espacial chega a uma região inóspita para analisar um fenômeno raro, só que um acidente acaba avariando sua nave. Sem ter como voltar e sem comunicação devido a uma interferência eletromagnética, o Astronauta é transformado em um náufrago, que vai precisar de toda a sua perícia e inteligência não só para sobreviver, mas para manter sua sanidade.
Muito mais do que uma graphic novel, Magnetar marca um iniciativa inédita na produção de quadrinhos no Brasil. Lançado pela Panini, parte da tiragem do álbum vai para Portugal, mas já existem negociações para a venda em outros países da Europa. E com a perspectiva de mais três lançamentos do selo para esse ano, a Mauricio de Sousa Produções pode estar construindo a ponte que faltava para os autores brazucas chegarem ao mercado internacional.
Porque se o sucesso desse salto depender apenas da qualidade do material e do talento dos autores, o jogo está ganho.
29 de outubro de 2012
Ótima análise, André. Magnetar é mais uma daquelas HQs que 1) provam que quadrinhos não é “coisa de criança”, 2) nos fazem ter orgulho de ter um artista como Mauricio de Sousa em nossa Pátria e 3) mostram que quadrinho nacional feito com qualidade tem lugar garantido nas bancas e livrarias. Abração!
29 de outubro de 2012
Acabo de pedir a minha. Espero que seja tão legal quanto imagino, pois adoro esse tipo de ficção científica e o traço do Danilo é espetacular. Ótimo texto! Se eu não tivesse comprado você com certeza me convenceria.